domingo, dezembro 12, 2010

Doença do Pânico


   Pânico tem origem do grego "panikon" que tem como significado susto ou pavor repetitivo. Na mitologia grega o Deus Pã, que possuía chifres e pés de bode, provocava com seu aparecimento, horror nos pastores e camponeses. Desta forma a palavra tem em nossa língua o significado de medo ou pavor violento e repetitivo. Em Atenas, teria sido erguido na Acrópole um templo ao Deus Pã, ao lado da Ágora, praça do mercado onde se reunia a assembléia popular para discutir os problemas da cidade, sendo daí derivado o termo agorafobia, usado pela psicologia para designar o medo de lugares abertos.
   Voltando para o Transtorno do Pânico (TP), este é uma entidade clínica recente e era antigamente chamada de neurastenia cardiocirculatória ou doença do coração do soldado ("coração irritável" denominação dada por Da Costa em 1860 durante a guerra civil americana), embora a primeira descrição sintomatológica tenha sido feita por Freud, que a classificou como neurose ansiosa. Até 1980, o quadro foi agrupado sob o título de "neurose de ansiedade" e atualmente este mesmo grupo foi subdividido em Doença do Pânico e Transtorno de Ansiedade Aguda ou Generalizada.
   As diferenças clínicas, razão pela qual derivou a subdivisão do grupo em Reações de Ansiedade Aguda e TP, residem no fato de que os fatores geradores da primeira são motivados por agentes externos que ameaçam de forma clara e consistente a vida do indivíduo tais como catástrofes, panes em aviões, trens, veículos, incêndios entre outros.
   No distúrbio "crise de pânico" o agente externo freqüentemente encontra-se ausente e a ameaça está dentro do próprio paciente. Ambas as desordens vem acompanhadas por boca seca, aceleração dos batimentos cardíacos, palpitações, palidez, sudorese e falta de ar. Este conjunto de manifestações qualifica o que se denomina "reação de alarme" adaptando o organismo às situações de fuga, luta ou perigo iminente, trocando em miúdos, seria como se você se assustasse com algo, mas essa reação dura em média meia hora.
   A causa freqüente de procura a psiquiatras e psicoterapeutas esta ligada ao stress cotidiano. É uma patologia real (alguns a rotulam como frescura) e incapacitante devido a seus sintomas extremamente desagradáveis. Só quem sofre de TP é que sabe valorizar a intensidade de sua sintomatologia.
   Este fato é devido em grande parte ao desconhecimento do TP por médicos não especialistas (não psiquiatras) o que determina a demora no diagnóstico do caso com o conseqüente e indesejável desenvolvimento das complicações. A grande maioria dos pacientes, devido à predominância dos sintomas ligados ao aparelho cardiovascular, é atendida em pronto-socorros cardiológicos por clínicos e/ou cardiologistas e medicados com fármacos que não são capazes de bloquear as "crises ou ataques de pânico", quando o paciente tem sorte e encontro nos PS´s um médico que conheça um pouco da doença é diagnosticado como uma síndrome neuro vegetativa (SNV) ou um famoso piti.
   A medida as crises se sucedem, sem que os pacientes observem melhora, os leva a insegurança e ao desespero. São realizados inúmeros exames sem se chegar a uma conclusão, diagnósticos sendo os sintomas atribuídos a situações genéricas como estafa, nervosismo, fraqueza ou com frases do tipo: "você não tem nada".
   O TP ocorre mais freqüentemente em adultos jovens na faixa etária entre 20 e 45 anos de ambos os sexos, sendo maior o numero em mulheres, em média 2 mulheres a cada 3 casos de TP. Nesta faixa etária os pacientes estão na plenitude de seu potencial de trabalho e ao apresentarem a doença são geradas conseqüências desastrosas voltadas tanto para o desenvolvimento profissional quanto social.
   O diagnóstico baseia-se nos seguintes critérios segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais (DSM-IV) da Associação Psiquiátrica Americana: Ataques de pânico recorrentes e inesperados. Critérios para o Ataque de Pânico: Um curto período de intenso medo ou desconforto em que 4 ou mais dos seguintes sintomas aparecem abruptamente e alcançam o pico em cerca de 10 minutos, são eles: sudorese; palpitações e taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos); tremores ou abalos; sensação de falta de ar ou de sufocamento; sensação de asfixia; náusea ou desconforto abdominal; sensação de instabilidade, vertigem, tontura ou desmaio; sensação de irrealidade (desrealização) ou despersonalização (estar distante de si mesmo); medo de morrer; medo de perder o controle da situação ou enlouquecer; parestesias (sensação de anestesia ou formigamento); calafrios ou ondas de calor.
   Pelo menos um dos ataques terem sido seguido por 1 mês ou mais de uma ou mais das seguintes condições: medo persistente de ter novo ataque; preocupação acerca das implicações do ataque ou suas conseqüências (isto é, perda de controle, ter um ataque cardíaco, ficar maluco); uma significativa alteração do comportamento relacionada aos ataques; o Ataque de Pânico não ser devido a efeitos fisiológicos diretos de substâncias (drogas ou medicamentos) como: álcool, cocaína, crack, cafeína, ecstasy ou de outra condição médica geral (hipertireoidismo, feocromocitoma, etc...); os ataques não devem ser conseqüência de outra doença mental, como Fobia Social (exposição a situações sociais que geram medo), Fobia Específica (medo de avião, de elevador, etc...), Transtorno Obsessivo-Compulsivo, Pós-traumático ou de Separação.
   Quanto mais cedo ocorrer o paciente procurar ajuda, mas fácil é fazer o paciente controlar os ataques. TP é uma doença seria e tem de ser tratada como tal. O trabalho do psicoterapeuta deve ser procurado sempre que surgir algo relacionado a doença ou outros transtornos psicológicos, até mesmo para o auto conhecimento, o auto conhecimento é a melhor forma de se evitar os transtornos psicológicos, não tenha medo de procurar um psicoterapeuta.
   No Brasil ainda temos muito estigma em relação a psicólogos, na França quem não faz psicoterapia não é muito bem visto pela sociedade. Enfim, voltando ao tópico, espero que tenha feito você pensar no tema, se fiz isso, fiz meu trabalho. Obrigado, Marcio Colli.

5 comentários:

  1. Uma amiga minha foi diagnósticada com a Doença do Pãnico. Ela ficou dois anos combatendo esta sensação de pânico... Desenvolveu alguns TOCs e, até hoje, alguns destes TOCs ela não conseguiu se livrar....
    Bem interessante o seu blog.
    Vou indicar para minha irmã.... ela está cursando psicologia. O blogdela é http://karenhack.blogspot.com

    ;D

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  2. Olá, tudo bem? Gostei do blog.
    Dá uma passadinha no @AlphaEventos
    olha aí: http://alphachannel.blogspot.com/

    Abraço.

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  3. Eu tenho síndrome do pânico (TP ou Doença do pânico) é horrível.. tudo que você escreveu é tudo o que eu sinto. o ruim é quando começa uma crise e as pessoas tentam te ajudar e você já fica estressado e só quer fazer aquilo que você acha que vai te acalmar. :/

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  4. O lance é não encarar como se fosse um problema, e sim como algo passageiro...eu acho.
    Tive um desses ataques logo depois de queimar um baseado (maconha)com alguns amigos em um mato fechado...
    Um dos efeitos citados aqui com o qual eu mais me familiarizei foi o de irrealidade e medo de morrer. Isso foi sinistro... principalmente porque ngm lembrava aonde exatamente agente estava.
    Nunca mais surtei denovo, e acho que a maconha me curou tbm desses ataque de pânico...

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  5. é isso ai eu nunca tive um ataque desses mas a maconha ajuda em varios fatores sim...só quem fuma sabe.
    quando tenho a oportunidade eu fumo antes de dormir, tp fumo descanso, olho tv slah, leio um livro, e dp durmo muito bem...mas acordo meio cansado...

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